Monastir-Tunísia

07-08-2023

País riquíssimo do ponto de vista cultural e abençoado com uma costa de cortar o fôlego, a Tunísia assume-se como um destino cada vez mais forte para quem procura umas férias de praia capazes de oferecer algo mais que sol, areia e mar. Nestas paragens, de paisagens largas e gentes afáveis, é possível, num mesmo dia viver experiências tão díspares como visitar o coliseu romano de El Jem, subir à torre do Ribat de Monastir e ainda mergulhar nas águas quentes do mediterrâneo, num cruzamento de influências, culturas e sensações arrebatador. É esse o traço diferenciador desta cultura, a mescla de influências de que está impregnada e a forma como as torna suas. Não esqueço as árvores podadas a ladear as grandes avenidas em Sousse, como nos Champs Elysees em Paris, a coabitar de forma harmoniosa com a Medina e as suas portas, as suas vielas, a sua vida interior. Tudo isso torna esta paisagem ao mesmo tempo exótica e próxima, como um "deja vu", um sítio onde nunca estivemos, mas que nos parece familiar, um porto antigo que já nos serviu de abrigo. Largamente muçulmano (dos cerca de 12 milhões de habitantes, 98% são árabes), a Tunísia é hoje um dos países mais abertos e democráticos do mundo árabe, onde o divórcio e o aborto são direitos legalmente reconhecidos desde os anos 70 do século XX e onde a poligamia é proibida. Mulheres vestidas com o tradicional "hijab", nas ruas, nas lojas, nas praias, convivem com outras que preferem não usar as típicas roupas do islão, mostrando o cabelo e a pele. Não se sente qualquer censura aos modos ocidentais e as mulheres estrangeiras podem andar vestidas na Tunísia como andam nos seus países de origem, não há qualquer código a respeitar. Esta é aliás uma das caraterísticas do povo tunisino, são genuinamente hospitaleiros e recebem mesmo com muito agrado quem os visita, fazendo-nos sentir em casa, em cada instante, em cada lugar, acolhendo de forma calorosa os muitos turistas que os visitam. E depois há a praia, claro, essa maravilhosa costa mediterrânica, pontilhada por Ribats, desenhada em tons de azul e rendilhada por um areia fina e branca, que parece veludo sob os pés. O mar esse, é quente e lento, com um languidez que convida a ficar, a comtemplar, a parar e a respirar. É todo um mundo que se oferece a quem o quiser aceitar.

🎧 the national, alien  


EL JEM

O Coliseu romano de El Jem (ou Thysdrus) data do século III d.c. e é o terceiro maior coliseu romano de todo o mundo, com uma altura de 36 metros. Construído em blocos de arenito (provenientes de Salakta-Rejiche, a cerca de 60 Km de distância), encontra-se espetacularmente bem conservado, destacando-se pelos seus subterrâneos, que é possível visitar, e que levaram à sua classificação como Património Mundial da Unesco em 1979. Era nestes subterrâneos que os gladiadores e os animais selvagens aguardavam a subida à arena, que se fazia através de umas aberturas que permitiam a elevação das jaulas e que ainda hoje estão intactas. Com uma capacidade para 30 mil pessoas, o El Jem tem três andares de galerias, com 64 arcadas, e o mais incrível é que é possível subir lá acima e percorrer esses corredores imponentes, apreciando em todo o seu esplendor o casario envolvente e os campos a perder de vista. Por ter qualidades térmicas, a pedra de arenito em que foi construído torna este coliseu um local fresco no verão e acolhedor no inverno, pelo que qualquer altura do ano será adequada para visitar o El Jem. Foi precisamente devido à qualidade das pedras que muitas foram retiradas deste monumento e usadas na construção de outros edifícios, havendo monumentos na Tunísia, datados dos seculos XVIII e XIX, construídos com pedras de edifícios romanos dos séculos II e III. A visita é bastante acessível (as escadarias estão bem conservadas e não são especialmente íngremes), sendo adequada a crianças e não há fila para entrar. Para além da bilheteira, há ainda no local uma pequena venda de bebidas e uma loja de souvenires (com preço fixo, onde não é preciso regatear). Mesmo em frente ao coliseu, é possível dar um passeio de dromedário. É um local de sonho, a merecer sem dúvida uma visita, sendo bem merecedor da fama que tem  (ou não tivesse sido o local de filmagem do "Gladiador" de Ridley Scott). Obrigatório.    


RIBAT DE MONASTIR 

O ribat de Monastir (o monumento mais relevante desta cidade costeira) foi fundado no ano de 796 e apresenta impressionantes muralhas e uma lindíssima torre de vigia que permitia comunicar com ribats vizinhos. Conta a lenda que a cadeia luminosa usada para comunicar permitia estabelecer comunicação, numa mesma noite, desde Alexandria até Ceuta. Os ascetas que habitavam o ribat tinham essencialmente uma função defensiva da cidade, não participando diretamente nos combates, dedicando-se a uma vida devota e subsistindo através da pesca e da exploração dos campos que se estendem além de Monastir, bem como de legados feitos a seu favor, prática que se manteve até ao século XVI.  O ribat é assim um misto de defesa e espiritualidade e ainda hoje se respira naqueles corredores um certo ambiente místico, especialmente quando o sol ilumina o espaço, tornando tudo dourado, a fazer ecoar na nossa memórias delicados castelos de areia. Todo o complexo se encontra bem conservado e tem no seu interior algumas infraestruturas, como uma loja e um ponto de venda de bebidas frescas, para além do museu, instalado na primitiva sala de orações. Obrigatória é mesmo a subida à torre de onde eram enviados os sinais luminosos em caso de perigo e de onde se avista uma paisagem soberba, quer sobre a costa, quer sobre a Medina. A escadaria em caracol com cerca de 100 degraus é bastante estreita, mas o acesso não é difícil e a chegada ao topo compensa o esforço. Este ribat foi também um dos cenários eleitos para a rodagem do icónico filme "A vida de Brian" dos Monty Python. Mais um motivo para não deixar de o visitar.      


MAUSOLÉU DE HABIB BORGIBA

Mesmo junto ao Ribat, fica o mausoléu de Borgiba, o ex-presidente tunisino e pai da independência do país, que era natural de Monastir e que faleceu no ano de 2000, tendo a sua construção sido iniciada ainda quando era vivo, em 1963. O edifício, de estilo árabe, é ladeado por dois minaretes e encimado por uma cúpula dourada entre duas cúpulas verdes. Todo o conjunto é muito bonito, mas vale essencialmente pelo simbolismo e pela homenagem a um presidente considerado, tal como inscrito na porta principal do mausoléu, "lutador supremo, construtor da Tunísia moderna, libertador das mulheres".    


MUSEU ARQUEOLÓGICO DE SOUSSE

Este maravilhoso museu, sediado na fortaleza da medina de Sousse, alberga a segunda maior coleção de mosaicos romanos do mundo, logo depois da do Museu Nacional do Bardo, em Tunes. Dos incríveis mosaicos, extraordinariamente bem preservados e apresentados, destaca-se a hipnotizante "Cabeça de Medusa", que não poderá deixar de impressionar quem a contemple. A fonte batismal do período bizantino, toda revestida a mosaicos e com ilustrações de um pormenor inacreditável, é outra das estrelas da coleção, que conta ainda com artefatos datados do secúlo VII a.c. e com algumas estátuas de mármore do período romano. O exterior do museu, com vistas para a medina, é tambem imperdível. O museu conta ainda com uma pequena loja, que funciona no mesmo local da bilheteira. Um local único a não perder.     


FICAR EM MONASTIR

Para a nossa estadia de 7 noite em Monastir escolhemos o Iberostar Selection Kuriat Palace. É um hotel belíssimo, com quartos familiares amplos e com ótimas infraestruturas, quer no interior, quer no exterior. A praia privada do hotel tem disponíveis espreguiçadeiras e chapéus de sol e é notável a limpeza diária que é feita da areia. O mar é muito calmo e quente, a areia é muito fina e branca e bem em frente ao hotel há um baloiço dentro da água do mar que faz as delicias das crianças e que é a estrela de todas as fotografias, especialmente ao pôr do sol. As piscinas são também muito boas, a piscina dos escorregas é naturalmente uma alegria para as crianças e proporciona horas de diversão. Todo o complexo do hotel é bastante limpo e o serviço é simpático e muito afável. Tem 3 restaurantes, 2 deles com mesas no exterior, que abrem para pequeno almoço (das 06H00 às 10h00), pequeno almoço tardio (das 10H00 às 11h30), almoço (das 12H30 às 14h30), lanches (das 15H30 às 17h30) e jantar (das 18H30 às 21h30). Para além disso, junto à piscina dos escorregas há um truck food, com hamburgers, sandwiches, gelados e pipocas. O hotel tem também 3 bares, o bar principal, no interior do edifício, o bar da piscina e o bar da praia, pelo que alternativas não faltam. A oferta gastronómica é mesmo um dos pontos fortes deste hotel. A variedade é imensa e a qualidade é mesmo muito boa, há sempre coisas novas e deliciosas para provar e todos os dias há diferentes pratos de comida tipicamente tunisina, com o khobz (o pão árabe tradicionalmente feito em casa pelas mulheres) a ser amassado à nossa frente... uma delícia... O hotel dispõe ainda de SPA, com piscina interior, ginásio e várias opções de massagens e de uma loja de souvenires. À entrada é pedida uma caução de 20 dinares por cada toalha de praia, pelo que a loja é uma excelente opção para gastar esses dinares após o check out. Apesar de estar muito perto do aeroporto (literalmente do outro lado da rua), o hotel é bastante tranquilo. Fica próximo de Sousse e do centro de Monastir, que se alcança facilmente de táxi, e El Jem fica a cerca de 60 Km. É sem dúvida um hotel de referência, que proporciona todas as condições para umas férias perfeitas junto ao mar.       


INFORMAÇÕES ÚTEIS & AFINS 

Para viajar para a Tunísia é recomendável ter passaporte com uma validade mínima de 6 meses, apesar de para passageiros nacionais com viagens organizadas (voo direto + hotel) ser suficiente apenas o cartão do cidadão. Não há qualquer vacinação obrigatória para este destino, mas é conveniente que as crianças estejam vacinadas contra a hepatite A, pelo que pode ser útil fazer uma consulta do viajante antes de partir. O clima junto à costa é marcadamente mediterrânico, com verões quentes e secos e a temperatura da água do mar ronda os 30º. Os principais cuidados a ter são por isso com o calor e a desidratação e eventualmente com alguma picada de medusa, muito frequentes por aquelas águas. Em caso de contato com algum destes pequenos seres, que injetam veneno através dos seus tentáculos na nossa pele, é aconselhável lavar a queimadura com água (deve ser mesmo água salgada), aplicar uma pomada para queimaduras (como Biafine), tomar um anti-histamínico e, preferencialmente, tratar a lesão com uma pomada com cortisona, de forma a minimizar a inflamação. No verão não há diferença horária entre Portugal e a Tunísia e no inverno é de apenas 1 hora (GMT + 1). As línguas oficiais são o árabe e o francês, mas informalmente os tunisinos falam árabe tunisino, que é bastante diferente do árabe clássico, mas por se tratar de um destino muito turístico há muitos tunisinos a falar inglês e até espanhol. A moeda é o Dinar tunisino e o câmbio varia, mas atualmente 1 dinar valerá cerca de 30 cêntimos. Apesar de o euro ser comumente aceite nas zonas turísticas, será aconselhável trocar alguns euros por dinares (os hotéis fazem esse cambio) e pagar apenas em dinares, caso contrário muito ficará perdido na conversão. A religião é o islamismo e o país é formado etnicamente por árabes e berberes. Os tunisinos têm uma boa qualidade de vida e o país está dotado de infraestruturas modernas, tendo uma economia bastante diversificada (são, por exemplo, o 4º exportador mundial de azeite). É aconselhável fazer o registo no Registo do Viajante, do MNE, de forma a que as autoridades portuguesas tenham sempre conhecimento do paradeiro dos turistas nacionais  que se encontram na Tunísia. O registo é fácil e rápido e pode ser muito útil em caso de desastres naturais ou atentados. Por fim, é preciso não esquecer de regatear os preços (exceto nas lojas de preço fixo), regatear faz parte da cultura local e os preços pedidos chegam a ser três vezes superiores ao preço real.