Viena, Áustria

27-07-2024

Visitar Viena é sentir um constante estado de deslumbramento, um assombro que nos assola em cada instante, uma vontade de ficar e de pertencer, de viver a cidade como se a habitássemos. É uma verdadeira capital-síntese, agregando a história, a cultura e os valores de todo o ocidente, e por isso é fácil identificarmo-nos com ela. Associada à opulência e extrema riqueza do império dos Habsburgos, Viena soube reinventar-se e se outrora se assumiu como capital imperial, hoje apresenta-se como uma cidade cosmopolita, epicentro de uma movida cultural sem par, carismática e sofisticada. Tudo em Viena é elegante, aprumado, excecionalmente cuidado e incrivelmente belo. As ruas, limpas e amplas, os parques minuciosamente tratados e os edifícios majestosamente recuperados fazem da cidade um verdadeiro reduto do bom gosto. É uma cidade que nos deixa comovidos, que atrai de imediato pela sua sumptuosidade, mas que ao mesmo tempo se expõe de uma forma tão despretensiosa que nos deixa atónitos com a singeleza da sua elegância. Os pontos de interesse são tantos e tão variados que será difícil conhece-los a todos numa única visita. Viena desdobra-se em palácios, museus, catedrais, igrejas  e parques numa sucessão vertiginosa de edifícios, praças e jardins que nos tiram o fôlego e nos deixam a ansiar por mais. Por um pouco mais desse assombro e dessa felicidade que Viena acende em nós. Que nos faz querer ficar e voltar. Viena é uma cidade para viver intensamente. Para amar imensamente. Para amar... como a estrada começa.   

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HOFBURG 

Mais do que um palácio, o Hofburg é um complexo intrincado de edifícios contruídos ao longo dos séculos, com diversas finalidades e estilos, que no seu conjunto constituem a sede do poder imperial dos Habgburgos na Áustria. Dele fazem parte os edifícios da Galeria Albertina, da Biblioteca Nacional, do Burgteather, da Palmenhaus, do Museu Sissi, mas também os jardins do Burggarten e várias praças, como a Praça Joseph, a Praça Albertina ou a cénica Heldenplatz. Uma das imagens mais conhecidas será talvez a da Ala Neue Burg, acabada de construir já no início do século XX (como parte de um projeto maior, que não chegou a ser concluído), com a ampla praça Heldenplatz defronte e as suas estátuas equestres a acentuar a grandiosidade do conjunto. Será difícil ficar a conhecer em pormenor todo o complexo, mas percorrer as ruas e praças que o compõem e apreciar as fachadas destes edifícios será já suficiente para ficar com uma ideia da opulência do Hofburg. No nosso caso, optámos por visitar o Burggarten, a Palmenhaus e a Biblioteca Nacional e ficámos maravilhados. A exuberância dos edifícios, a elegância das praças e jardins e a riqueza dos interiores são, de fato, impactantes e criam uma sensação de deslumbramento inigualável. Imperdível.                

BURGGARTEN

Bem no centro de Viena, fica o Burggarten, um jardim de estilo inglês construído em 1818 como jardim privado do imperador, aberto depois ao público em 1919. Alberga no seu interior diversos monumentos, como o famoso monumento a Mozart a cujos pés se estende um relvado e uma clave de sol minuciosamente desenhada com flores coloridas. Por todo o jardim há árvores frondosas que no verão proporcionam sombras frescas onde se estendem mantas e se deitam corpos à procura de descanso. Fica a dois passos de vários locais de interesse (como a Ópera, a Galeria Albertina ou o MuseumsQuartier), pelo que será uma excelente escolha para uma pausa revigorante ou mesmo para um piquenique entre visitas.     

PALMENHAUS - SCHETTERLINGHAUS

Também conhecido como Glashaus (Casa de Vidro), este impressionante edifício, com cerca de 180 metros de comprimento, todo ele em estilo arte nova, foi construído no inicio do século XX, após a demolição da estufa original, datada de 1826. Alberga atualmente, na sua ala esquerda, a SchetterlingHaus, um incrível borboletário, em que mais de 400 borboletas voam livremente por entre plantas tropicais e cascatas, surpreendendo os visitantes com as suas cores e formas, num ambiente verdadeiramente exótico. A parte central do Palmenhaus foi atualmente convertida num restaurante, com uma esplanada debruçada sobre o Burggarten, que o torna um local bastante concorrido durante o verão.         

BIBLIOTECA NACIONAL AUSTRÍACA

Será seguramente uma das bibliotecas mais bonitas do mundo. Construída no século XVIII como biblioteca da corte, esta biblioteca em estilo barroco alberga mais de 200.000 livros, alguns do século XVI. A sala principal tem nada menos que 70 metros de comprimento e é de uma beleza rara: estantes de madeira com varandins a meia altura, estátuas, pinturas e frescos de tirar o fôlego e muitos, muitos livros.    

PALÁCIO DE SCHONBRUNN

Construído como residência de verão da família imperial austríaca, este palácio barroco foi classificado como Património da Humanidade em 1996. Dos sumptuosos interiores ao parque com 160 hectares, em Schonbrunn tudo é realmente deslumbrante. No interior, com mais de 1440 salas, o destaque vai para os aposentos privados onde a Imperatriz Maria Teresa  passava os seus dias no verão, tradição que foi seguida pelo seu filho Franz Joseph e pela Imperatriz Sisi e depois deles por outros imperadores e respetiva corte até ao ano de 1918. Ainda no interior, o incrível salão de baile arrebata os visitantes com os seus tetos pintados e decorações em dourado e convida a uma observação atenta dos riquíssimos pormenores da sala, toda feita de elementos sumptuosos, como os lustres ou os reposteiros. No parque, há várias atrações que podem ser visitadas, como o Tiergarten Schonbrunn, o mais antigo jardim zoológico do mundo, o Labirinto, a Orangerie, a Fonte de Neptuno ou a Gloriette, construção datada de 1775, erigida como Memorial à Guerra Justa, que hoje funciona como um incrível miradouro sobre todo o Palácio, Parque e Jardins. Para lá chegar será necessário seguir os trilhos de terra batida que partem da Fonte de Neptuno, numa colina que se ergue a 60 metros de altura, mas a vista vale bem a pena. Há vários tipos de bilhetes consoante as atrações que se queiram visitar. No nosso caso, optámos pelo Classic Pass, que permite o acesso a 5 atrações (Palácio, Jardins, Gloriette, Orangerie e Labirinto), que adquirimos com antecedência no site oficial do Palácio de Schonbruun, de forma a evitar as filas. A entrada é feita por slots horários, pelo que convém planear a visita para não haver atrasos, já que o palácio fica um pouco afastado do centro de Viena (a cerca de 15 minutos de táxi da Ópera). O palácio dispõe de várias opções de restauração: logo à entrada, no lado esquerdo, há uma cafetaria, que oferece pequenos almoços, cafés e pastelaria austríaca ao longo de todo o dia; na Gloriette há um restaurante que serve refeições completas e já junto ao edifício do Palácio, passando as arcadas do lado esquerdo em direção ao Parque, há o restaurante Gerstner K. e K. Hofzuckerbacker, com uma ampla esplanada. Devido ao horário da nossa visita, almoçámos neste último restaurante e gostámos muito. A ementa é variada (e inclui pratos típicos austríacos), o serviço super eficiente e o ambiente descontraído. O palácio dispõe ainda de uma loja muito completa, com imensos produtos com a marca de Schonbrunn ou da Imperatriz Sisi, a que será difícil resistir. Um local a não perder.         


CATEDRAL DE SANTO ESTEVÃO - STEPHENSDOM

Situada na Stephansplatz, a Stephensdom é o epicentro da cidade. É uma das mais antigas e importantes catedrais góticas da europa, tendo sido construída sobre uma outra já existente datada do século XII. Diferentemente do que acontece com outras grandes catedrais, a Catedral de Viena situa-se numa praça relativamente pequena e por isso não é fácil ter uma perspetiva onde ela apareça inteira, em toda a sua grandiosidade. Dotada de duas torres (a Torre Norte com 68 metros de altura e a Torre Sul com 136 metros), toda a fachada da catedral é incrivelmente trabalhada e circundá-la e descobrir todas as suas facetas é ser surpreendido por pormenores sem fim. Lá no alto, o telhado, coberto com cerca de 230.000 azulejos coloridos, destaca-se pela sua originalidade e remete, com as suas figuras, para a importância da dinastia dos Habgburgos, cujo símbolo era precisamente a águia de duas cabeças. No interior, a riqueza barroca iluminada pela luz que perpassa dos vitrais e dos candelabros, deslumbra qualquer um e cativa não só pela sua inegável beleza como pela sua história. Testemunha de acontecimentos históricos marcantes, a Catedral da Viena foi ela própria marcada por alguns deles, como o incêndio que na segunda grande guerra, em 1945, destruiu parte do seu interior, danificando ainda o famoso telhado. Foi também nesse incêndio que o sino conhecido por Pummerin (fundido com os canhões que os turcos deixaram para trás no final do cerco à cidade em 1683),  caiu, ficando destruído. Nessa altura, os restos do sino, um dos maiores de toda a europa, voltaram a ser fundidos e o Pummerin devolvido à Torre Norte, onde ainda hoje está, soando unicamente em ocasiões especiais, como a passagem de ano. A visita à catedral é gratuita, sendo apenas paga a subida às torres e o acesso às catacumbas. A Torre Norte dispõe de um elevador, acessível a partir do interior da catedral, que em poucos segundos coloca os visitantes no topo do edifício, proporcionando vistas incríveis sobre a cidade e em especial sobre os telhados e os seus azulejos. Já a Torre Sul só será acessível através de uma escadaria em caracol, fazendo-se a entrada pelo exterior da Catedral, sendo que num e noutro local só serão aceites pagamentos feitos em numerário. Sem dúvida, um dos locais mais marcantes da cidade.               

MOZARTHAUS - WIENER ENSEMBLE

A Mozarthaus em Viena foi a residência de Mozart de 1784 a 1787. Foi construída no século XVII, originalmente com 2 andares, e foi reformada em 1716. Foi aqui que Mozart compôs obras como a ópera As bodas de Fígaro e três dos seis Quartetos de Haydn. É o maior e mais distinto apartamento em que Mozart viveu e o único apartamento vienense que sobreviveu até aos dias de hoje. Visitá-lo é uma experiência única. Além do apartamento em si, este museu oferece uma exposição acerca das obras mais importantes do compositor e da época em que viveu, com alguns objetos originais, como partituras assinadas, permitindo ao visitante vivenciar o mundo vibrante de Mozart e ficar a conhecer mais de perto o génio deste inigualável artista. Tem também instalações audiovisuais muito interessantes, em especial uma instalação vídeo que exibe diferentes passagens de As bodas de Fígaro, em diferentes apresentações modernas, revelando assim a intemporalidade do trabalho de Mozart. O museu dispõe ainda de uma sala de espetáculos, a Concert Hall, onde é possível assistir a concertos do Wiener Ensemble, num ambiente único e intimista. A sala abobada, situada na cave do edifício, tem uma acústica ótima e o fato de se estar na casa em que Mozart viveu e compôs muitas das suas obras, eleva de fato a experiência a outro nível. Do repertório fazem parte obras de câmara selecionadas de Mozart, bem como obras de outros compositores, como Haydn, Beethoven, Brahms ou Strauss. Os concertos acontecem às quartas, sextas, sábados e domingos e têm a duração aproximada de 70 minutos. Os bilhetes podem ser adquiridos no site oficial do Wiener Ensemble e incluem uma visita gratuita à Mozarthaus, proporcionando uma experiência 2 em 1 inesquecível em Viena.                    

BELVEDERE

Se tivesse de escolher um único sítio para visitar em Viena, seria sem dúvida o Belvedere. É um local apaixonante, que condensa o espírito da cidade de uma forma incrível: a beleza, a sumptuosidade, mas acima de tudo a elegância. A elegância que se respira em Viena e que se espelha em Belvedere num reflexo perfeito da cidade. O Belvedere é, na verdade, um complexo de edifícios históricos composto por dois palácios barrocos do século XVIII (o Belvedere Superior e o Belvedere Inferior), unidos por um enorme jardim em estilo francês, e está listado como Património Mundial da UNESCO desde 2001. Hoje em dia, funciona como Museu e alberga a maior coleção de arte austríaca, distribuída pelos dois edifícios, contando o Belvedere Superior com um acervo impressionante de obras de Gustav Klimt. Só por isso, a visita ao museu já valeria a pena. Ver o Beijo, o Retrato de Marie Breunig ou Judith bem de perto, com as suas cores e brilhos, os seus riquíssimos pormenores é verdadeiramente comovente, como se nos sentíssemos mesmo tocados por aquelas figuras, como se as conhecêssemos e ali, perante elas, nos fosse sussurrado algo que há muito tempo ansiávamos por saber. Mas o Belvedere vai muito para além de Klimt. Há Monet, Van Gogh, Schiele e Oskar Kokoschka; há salas que se abrem umas sobre as outras e desvendam uma arquitetura barroca de uma beleza incrível; e há os jardins, com os seus lagos e relvados a deslumbrar um pouco mais, a sublimar o que já é sublime. Perto do centro da cidade (a uma caminhada de cerca de 25 minutos a partir da Ópera), o Belvedere é de fácil acesso e oferece todas as condições para uma experiência inesquecível. Para além da incrível exposição, o Museu conta ainda com um jardim maravilhoso, com uma loja muito completa e com um restaurante (junto ao Belvedere Superior), pelo que o melhor é mesmo ir com tempo para usufruir de todas estas atrações. A entrada no Museu faz-se por slots horárias e para evitar filas recomenda-se comprar os bilhetes com antecedência (diretamente no site do Museu). Mais que obrigatório, urgente.      

GALERIA ALBERTINA

No coração da cidade, e como parte do complexo de Hoffburg, surge a Galeria Albertina, outrora residência do Conde Manuel de Silva Tarouca (nobre português e arquiteto da corte austríaca) e hoje museu de renome. Fundada em 1776, a Galeria Albertina possui uma das mais importantes coleções de artes gráficas do mundo e inclui no seu acervo obras de artistas como Durer, Rembrant, Rubens, Delacroix, Manet, Cézane, Picasso, mas também de Schiele, Klimt ou Kokoschka. É um museu muito completo, que permite numa única visita ficar a conhecer obras dos mais conceituados artistas e outras de artistas contemporâneos, através das várias exposições temporárias que acolhe. À data da nossa visita, estava patente a maravilhosa retrospetiva de Gregory Crewdson  e ainda a exposição Ar Espesso de Eva Beresin, de que gostámos muitíssimo. Para além disso, o Museu permite ainda uma visita às Salas de Estado dos Habsburgs e aos seus interiores magnificamente decorados. Para quem não tem muito tempo (ou interesse) em visitar palácios, esta pode ser uma alternativa interessante, uma vez que permite ficar com uma ideia do luxo e da sumptuosidade do mundo magnífico dos Habsburgos, em ambientes diversificados, como o Salão das Musas ou o Gabinete Wedgwood, sem investir muito tempo (e dinheiro) em outras visitas. Os bilhetes podem ser comprados on line diretamente no site do museu, que tem também informações acerca das exposições temporários em curso. No local há uma loja com uma oferta muito variada de catálogos de exposições e outros artigos relacionados com as obras em exposição, incluindo jogos para crianças muito interessantes. A não perder.     

ÓPERA DE VIENA

Verdadeiro ícone da cidade, a Ópera de Viena dispensa apresentações. Inaugurada em 1869 com a ópera Don Giovani de Mozart, desde então tem sido o centro da vida musical de Viena. Construído em estilo neo renascentista, este foi o primeiro edifício do projeto da Ringstrasse (a principal avenida da cidade, circular, que delimita os bairros de Hofburg e Stephansdom, e que foi construída no local onde outrora se encontrava a antiga muralha de Viena) e tem uma presença magnética, atraindo todos os olhares. Com mais de 1.000 funcionários, produz cerca de 50 espetáculos de ópera e ballet por temporada levando à cena óperas que mudam diariamente (o que implica que todos os dias os cenários tenham de ser alterados, os figurinos arrumados e a malha técnica ajustada), de forma a que os artistas possam descansar entre espetáculos e o público possa assistir a uma ópera diferente todos os dias. Este é um dos segredos que os visitantes que optem pela visita guiada ao edifício ficam a conhecer. Para além de fornecer várias informações acerca dos espetáculos que têm lugar nesta casa mítica (incluindo o glamoroso Baile da Ópera de Viena), as visitas guiadas permitem ainda conhecer o interior do edifício, desde a imponente escadaria, à Sala de Chá de Francisco José (toda decorada a ouro!), passando pela Sala de Mármore e pelo foyer até ao incrível auditório, com capacidade para 2.284 pessoas. O edifício foi severamente danificado na segunda guerra mundial, tendo sido bombardeado pelos Aliados em 1945, e por isso grande parte dos interiores   tiveram de ser reconstruídos (como o auditório e o palco), sendo notória a diferença de estilos entre os diversos espaços, como uma cicatriz que se mostra para não se esquecer. A visita tem a duração aproximada de 40 minutos e está disponível em várias línguas (incluindo espanhol), aconselhando-se antecedência na compra dos bilhetes (on line, no site da Ópera), uma vez que as visitas têm lotação limitada e poderão esgotar rapidamente. O edifício conta ainda com uma loja maravilhosa, acessível a partir quer do interior quer do exterior do edifício. Icónico.             

MUMOK - MUSEUMSQUARTIER

Situado no MuseumsQuartier, bem perto de Hoffburg, da Praça Maria Teresa e dos museus gémeos (de História da Arte e de História Natural), fica o MUMOK, o Museu de Arte Moderna de Viena. Com a sua aparência de bloco gigante de basalto cinza escuro domina o cenário do MuseumsQuartier (quarteirão cultural inaugurado em 2001, que reúne vários museus e que se afirma como um dos locais mais cosmopolitas da cidade) e reúne na sua coleção permanente obras do modernismo clássico, da Pop Art e da Arte Concetual, com nomes como Picasso ou Andy Warhol. Destaca-se pelas exposições temporárias que acolhe, em que revela artistas emergentes, numa dialética perfeita entre passado e presente, tradição e experimentação. À data da nossa visita, estavam patentes as exposições "Arte Contemporânea de Vanguarda e Libertação", "Mapeando as Histórias da Arte dos Anos 60" e ainda a obra "Kumgangsan" de Jongsuk Yoon, um gigante guache na entrada do museu, com manchas de cores em grande escala, a criar uma vista panorâmica sobre essa montanha norte-coreana, como que a avisar o visitante do que o espera: uma viagem pelas "paisagens da alma" (J. Yoon), de que se volta mais inteiro, mas também mais perplexo, mais consciente, mas mais perdido, num caminho que tende a serpentear, devolvendo-nos a nossa própria voz como num eco. As obras de Diedrick Brackens, de Leslie Hewitt e Moffat Takadiwa e a instalação vídeo de Caullen Smith são um exemplo desse assombro, mas todas as exposições são interessantíssimas e cativam pela sua pertinência e originalidade. O edifício em si é também muito interessante, com uma arquitetura incrível, com salas que parecem não ter fim (uma das salas de exposição, junto ao átrio, tem 700 metros quadrados, 5 metros de altura e nem uma única coluna), desenvolvendo-se por 6 andares, ligados por uma escadaria e por amplos elevadores que a partir do átrio (ao nível do 3º andar) levam o visitante a conhecer as várias exposições. Também no átrio, junto às bilheteiras, existe uma loja, que para além de ter vários catálogos de exposições, conta ainda com objetos de design e variados artigos de merchandising. Por ser menos concorrido que outros museus da cidade, não será necessário reservar bilhetes com antecedência, podendo estes ser adquiridos diretamente na bilheteira. No exterior, o Mumok beneficia ainda de todas as infraestruturas proporcionadas pelo MuseumsQuartiers, que funciona com uma ampla sala de estar, onde apetece mesmo ficar, com trampolins para crianças e enormes sofás coloridos a acentuar a contemporaneidade do projeto. Em suma: um museu indispensável para quem se interessa por arte contemporânea. Absolutamente essencial para aqueles que, como diria Jonathan Frazen, habitam a queda livre.  

FICAR EM VIENA

Situado na Opernring, um dos troços da Ringstrasse (a tal avenida circular, que delimita os bairros de Hofburg e Stephansdom, e ao longo da qual se encontram as principais atrações da cidade), o 011 Boutique Hotel é um hotel de charme, com uma decoração muito bem conseguida e um ambiente exclusivo. Ficámos por 3 noites, durante a nossa visita a Viena, e adorámos. Os quartos são muito confortáveis, têm ótimas áreas e as camas e almofadas têm uma qualidade incrível. Os lençóis até têm uma pequena etiqueta a dizer "This sheets are made for sleep" e a verdade é que são mesmo! Apesar de estar localizado bem no centro da cidade, em frente à Ópera de Viena, o hotel é bastante sossegado e proporciona todas as condições para os hóspedes retemperarem energias após um dia a explorar as imediações. Devido à sua localização privilegiada, é possível encontrar quase todas as grandes atrações à distância de uma curta caminhada, ficando muito perto da Karntner Strasse, a rua pedonal que liga a Ópera à Catedral de Santo Estevão, toda ela dedicada ao comércio, com imensa animação e várias esplanadas. Por perto há também restaurantes muito bons (o L´Ópera é o nosso preferido) e até um supermercado. O Hotel serve pequenos almoços e apesar de a variedade não ser tão grande como noutros hotéis similares, tudo tem excelente apresentação e qualidade. Apenas sentimos falta de mais opções no que respeita a fruta fresca e de alguma oferta de pastelaria fina. Não seria mau começar o dia com uma doce iguaria austríaca.... Ainda assim tratam-se de pormenores que em nada afetam a qualidade do serviço oferecido neste hotel. O staff é também muito atencioso e prestável e, no nosso caso, apesar de termos chegado antes da hora do check-in tinham já preparado os quartos, que pudemos usar logo. No dia em que saímos, também nos facilitaram uma sala para deixarmos a bagagem de forma a podermos aproveitar a cidade até à hora do voo. Por tudo isto, o 011 Boutique Hotel será certamente um dos hotéis mais interessantes para quem procura uma estadia no centro da cidade, num ambiente exclusivo e elegante, perto dos lugares mais icónicos de Viena. Um luxo.                

COMER EM VIENA

Berço da afamada SacherTorte, Viena tem muito mais para oferecer para além da tradicional (e deliciosa) pastelaria austríaca. Assumindo-se como uma cidade cosmopolita, dispõe de uma variedade sem fim de Cafés e Restaurantes, uns mais típicos, outros mais voltados para a cozinha internacional, pelo que opções não faltarão capazes de agradar a todos os gostos (e carteiras). No nosso caso, gostámos especialmente de almoçar no Ali´s Grill, na  Operngasse 14, restaurante turco bem perto da ópera e do nosso hotel. Os pratos estavam muito bem confecionados e o serviço foi impecável, muito atencioso e afável. Para jantar, recomendamos sem dúvida o L´Ópera Restaurant, na Opernring, mesmo em frente à Ópera. Com uma localização privilegiada e um ambiente sofisticado, este restaurante conquistou-nos de imediato. A ementa é muitíssimo variada e os pratos são excelentes. Para além de bem confecionados tinham também uma ótima apresentação. Gostámos tanto deste restaurante que durante a nossa estadia em Viena o visitámos duas vezes. Destaque especial para a vista sobre a Ópera de Viena e para o atendimento, em particular, para a queridíssima Benedita. Se a ideia for lanchar, então aí impõe-se uma visita ao Sacher Café, local onde foi inventada a reputadíssima sachertorte. Por ser um dos cafés mais concorridos da cidade, aconselha-se a reserva com antecedência. Nós tentámos reservar com cerca de 15 dias de antecedência e já não conseguimos disponibilidade. Mas ainda assim não perdemos por completo a experiência. Para quem não conseguir reserva ou não tiver a resiliência necessária para enfrentar uma longa fila, há um balcão de takeaway, que serve a sachertorte em pequenas caixas, com direito a garfo e tudo, por 9€ a unidade. E vale bem a pena. A massa de chocolate em si é muito equilibrada e o recheio de damasco e a cobertura elevam este que poderia ser apenas mais um bolo de chocolate a um outro nível. Para uma experiência totalmente diferente, com um ambiente contemporâneo e uma atmosfera de "slowliving", recomendamos o Kaffein Zeitgeist, na Sculerstrasse, nas traseiras da Catedral. Com imensa oferta de produtos orgânicos e um atendimento impecável, este café será o local ideal para um momento de pausa no bulício da cidade. Mas para além destes há imensos outros cafés, bem como pequenas vendas de comida de rua (em especial na zona da Karntner Strasse), com uma oferta bastante diversificada. Gelados, crepes, fruta fresca ou cachorros quentes fazem parte do cardápio e são vendidos a preços bastante acessíveis. Opções não faltarão.  


Dicas & Outras informações úteis

Viajar para Viena é simples e não implica grande logística. Há voos diretos a partir de Lisboa (com a duração aproximada 03h30), para o Aeroporto Internacional de Viena, que fica a poucos quilómetros da cidade, e há depois várias opções para chegar ao centro. No nosso caso viajámos com a TAP e contratámos um transfer privado para o Hotel, que correu lindamente, tudo tratado, como sempre, com a Tânia Antunes e a Godiscover. Por ser um destino bastante turístico convirá reservar (quer os voos quer o hotel) com bastante antecedência, de forma a conseguir preços mais acessíveis. É também importante selecionar previamente as atrações que se pretende visitar e comprar os ingressos atempadamente, porque podem mesmo esgotar. As deslocações dentro da cidade são também muito simples, há imensa oferta de transportes e anda-se perfeitamente bem a pé, até porque se trata de uma cidade bastante plana e muito segura. O ambiente é aliás muito tranquilo e mesmo à noite nas ruas mais centrais pode-se andar à vontade. Os austríacos não são especialmente simpáticos, mas são muito educados e por isso o trato é fácil. Não contem é conseguir arrancar-lhes algum sorriso.... eu esforcei-me por fazer um pedido num restaurante inteiramente em alemão e nem assim me devolveram sequer um esgar que pudesse ser interpretado como um sorriso... Mas a verdade é que apesar disso nos sentimos sempre bem recebidos e pareceu-nos haver por parte de todos os austríacos com quem contatamos um genuíno respeito pelo outro, turista ou não. Qualquer altura do ano será boa para visitar a cidade, sendo que no inverno poderá fazer bastante frio e chover muito. No nosso caso, fomos no verão e fomos surpreendidos por temperaturas bastante elevadas (com temperaturas máximas a rondar os 35º), isto numa cidade em que poucos estabelecimentos têm ar condicionado, uma vez que em regra os meses de verão não são assim tão quentes. No palácio de Schonbrunn, por exemplo, não havia climatização, com exceção de umas ventoinhas improvisadas, e por isso acabámos por desfrutar muito mais da visita aos jardins e ao parque, do que propriamente aos aposentos imperiais. Em todas as atrações há lojas com produtos muito bem trabalhados, Viena é uma cidade que sabe promover-se e tirar partido do turismo, e por isso será fácil voltar a casa com uma mala cheia de artigos vienenses. Para mais tarde recordar.